domingo, abril 30, 2006

talvez na manhã seguinte tudo fosse diferente. mas a luz do dia, opulenta, feria meus olhos. ao menos naquela noite, podia pensar que tudo não passava de uma confusão, as sombras, às vezes, mostram as coisas diferentes do que elas são.
Quando terminar tudo, quando essa melancolia acabar, já não serei mais eu e tudo o que eu possa confessar, já não terá mais valor. vou esquecer todas as lembranças e nunca mais haverá saudade. Essa luz que agora fere meus olhos desaparecerá, o turvo das sombras não causará mais medo, mas junto com esse meu antigo Eu, vão os segredos que podia contar, minhas melodias os dias em que não precisava esperar que na manhã seguinte tudo fosse diferente.

quarta-feira, abril 26, 2006

vigília vaga de minhas angústias.
lembranças inúteis,
memórias que devem ser esquecidas.
perfume tolo que ronda
como uma fumaça impregnante
minhas narinas.

quem cuida de minha alma,
e quem exorciza dela essas sombras.
o que convence meus olhos
que esses pequenos pedaços,
antigos pedaços de nós,
devem ser dados ao Hades?

das sombras às sombras,
e dobrado de minha torre
vejo partir.
permaneço nessa vigília imóvel,
vigília de outrem,
quando dessa altura que estou,
não me deixo ser assistido.

sábado, abril 22, 2006

assim os dias passam.
saudade?
não sei,
falta, talvez.
falta da outra parte do que sinto,
de um compasso longo.

segunda-feira, abril 17, 2006

minha canção, meu lar

minha casa,
minha dor, meu lar.
minhas sombras,
meus cantos, suas janelas.

minha torre e
minha guarita.
lugar da minha vigília,
de minha solidão.

a saudade ai se encontra
e se dispersa.
meu mar, meu barco,
minha canção.

morada remota,
rocha firme.
minhas sombras, seus cantos.
meus sonhos e
minhas noites mal dormidas.

dai parti, vi partir
e encontrei as despedidas.
torre, a melodia
dobra sem cerimônia.

Meu lar, minha canção,
meu poema.
Essa rocha, essa ilha,
suas janelas, suas portas.
as chegadas e as despedidas.

minha canção, minha dor,
meu lar.

quinta-feira, abril 13, 2006

pessoas como máquinas.
maquinas que vendem sonhos.
pessoas que sonham,
sonhos que nascem em latas,
latas que nascem em máquinas

latas abrigam sonhos,
sonhos que se compram
pessoas como máquinas,
máquinas que saem pessoas.

sexta-feira, abril 07, 2006

leveza roubada, melodia triste

o dias passam assim
roubando o que há de melhor,
roubando toda leveza e suavidade.
a vida em seu limite,
vai se tornando mais dura,
mais triste, vazia.

sem chances de te alcançar,
paro para pensar nessa velocidade
que interrompe meu coração,
e que não cala meus olhos,
nem mesmo minhas lágrimas.

e agora trastejo
com esse choro vazio.
são as marcas desses dias
que roubando o que há de melhor
transformam minha busca
em uma melodia triste.

quarta-feira, abril 05, 2006

saudades do amigo

ao amigo distante dedico agora minha saudade,
toda esta saudade que sinto agora em meu peito.
pela despedida, pelo reencontro,
que nos dias,
por uma conversa,
como aquelas antigas, mas não tão passadas
nos saudemos com saudade.

ah amigo,
se agora nossa amizade é tão bela,
é pelos cafés
e as conversas graciosas
entre um perambular e outro.
do jeito que conversavamos da graça das moças
ou daquele romance belo que nos encantara com lágrimas.
ao amigo distante,
as saudades de meu peito.

domingo, abril 02, 2006

todas as coisas que me dão saudade

carrego forte comigo
todas as coisas que me dão saudade.
não é simples pensar
que isto é uma doce ilusão.
os pedaços soltos do que vivemos.
tudo o que pude agarrar,
tudo o que você não levou
ou não me devolveu.

são assim essas coisas amorfas
é o pedaço que levou de mim.
há porém, ainda algo que se perdeu
caiu entre nós,
se perdeu em nossas lembranças,
mas o que carrego
e agarro agora
são todas as coisas que me dão saudade.