segunda-feira, novembro 12, 2007

este poema foi escrito debaixo do temporal e da humidade que atormentava minha cabeça em abril de 2005. Foi realmente um outono molhado aquele.

as pequenas gotas,
que vazam pelas frestas no inverno,
atravessavam cortando
o espaço entre o teto e o chão,
se dobrando entre as prateleiras,
os livros, e os cabides dependurados.

essas frestas no telhado,
dão ao céu,
são caminhos das nuvens
ao chão agora molhado
pelas gotas que atravessam
esse abismo rasgado no telhado.

terça-feira, setembro 25, 2007

é por aqui,
andando por esse recôndito,
que eu exploro a noite
e esse tempo
em que eu me sinto mais só.

e saudade, às vezes,
é como estar só.
quando me debruço aqui,
é como estar sempre solitário
e remoroso em relação ao tempo.

sexta-feira, maio 25, 2007

se eu não ler
continuará esquecido,
não saberei que errei.
se não pensar em como poderia ter sido,
não haverá lembranças sobre nós.

não irei a ti para dizer,
te deixo assim então
com a tua irrelutância,
com toda sua alta confiança.
e melhor esquecer.

se soubesse que eram palavras
que te dariam confiança,
teria tirado as de ti.
agora tudo que escreve é sobre ti,
e não há mais nada de nós dois.

terça-feira, abril 10, 2007

você não sabe como doeu essa ausência dolorida de dias,
me roubou a paciência de viver, me tirou todas as palavras,
todas aquelas que eu usava para dizer a mim mesmo que eu sou.
mesmo se tivesse seu compasso.
todas minhas partidas e
todas as minhas distâncias,
caminho ao largo de tudo,
e vou em passos desajeitados.

se me contar assim
que são nesses passos que a vida é feita,
caminhamos desajeitados,
como se tudo passase por belo
seriam sim mais fáceis
as minhas partidas,
minhas distâncias e minhas horas vagas.

mas essas lacunas,
são buracos na melodia.
rompe mesmo a tristeza como una pequeña muerte.
rouba de ti, de mim
e de todos os amantes desastrados desse mundo,
um pequeno pedaço de vida.

quinta-feira, janeiro 18, 2007

nem mais uma palavra,
se somos dignos assim
de tanta dor,
não há o que nossos olhos compensem.

o brilho passageiro,
que cala por hora nossa dor,
deixa de sua passagem
as horas marcadas,
um compasso liturgico.

esse nosso rito desprende-nos do mundo,
e dá ritmo ao que sentimos.
se somos assim, de pouco a vida
é um ritmo que se encompassa.

encompassada e entre silêncios,
nossa dor segue entre o que
podemos sentir e os cantos desse culto.